No post anterior “o processo de tornar-se terapeuta” discorri sobre alguns pontos que considero importantes para o desenvolvimento de psicoterapeutas. Entre eles, a supervisão clínica, tem um lugar de destaque.
A supervisão clínica numa perspectiva da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) está para além de uma avaliação sobre os atendimentos. Não é uma avaliação sobre o que está certo ou errado. E muito menos para ensinar sobre um modelo infalível de intervenção. Talvez o termo supervisão não seja o mais apropriado.
Entendo que a supervisão clínica na ACP é uma experiência de aprendizagem (aprender a compreender; aprender a ser-com) na qual os envolvidos realizam uma compreensão não somente sobre o atendimento, mas, sobretudo, como se vivencia as relações e dos desafios que envolvem a sua atividade profissional. Resumindo, o que está em jogo na supervisão clínica é a possibilidade da psicoterapeuta descobrir ou aperfeiçoar o seu estilo de ser terapeuta, como diz o professor Rogério Buys.
O educador Paulo Freire considerava que sem uma reflexão sobre a prática não haveria uma aprendizagem significativa. Neste sentido, o psicoterapeuta que não negligencia a experiência da supervisão clínica se apropria do seu processo de tornar-se terapeuta de uma forma mais autêntica e ética.
Além disso, a riqueza da supervisão clínica está no fato dela propiciar aos envolvidos alguns níveis de aprendizagens: teórico e/ou conceitual, técnica e/ou didática, e experiencial e/ou vivencial. Talvez, seja o espaço de aprendizagem que mais contribua para o desenvolvimento do psicoterapeuta.
São muitos os impedimentos ao psicoterapeuta para participar de uma supervisão clínica. Isto é inegável. No entanto, o que prejudica o seu desenvolvimento não são estes impedimentos, mas a impossibilidade de descobrir ou de aperfeiçoar o seu estilo de ser terapeuta.
Deixe um comentário