Em dois anos de trabalhos na clínica escola da universidade, tive a oportunidade de conversar com muitas pessoas que procuravam pelo serviço de atendimento psicológico (SAP) da instituição.
Durante aquele período realizamos pesquisas e estudos sobre a eficácia e abrangência do serviço à comunidade. Os resultados apontaram, por exemplo, que as principais urgências psicológicas das pessoas estavam associadas à: 1) ansiedade; 2) depressão; 3) problemas de relacionamentos.
O interessante deste pequeno recorte de realidade é que ele está de acordo com pesquisas de maior escala, como as realizadas pela OMS e o Ministério da Saúde nos últimos anos.
No entanto, o que mais me impressionava era que o SAP realizava um atendimento pontual (não era uma terapia) no momento em que a pessoa chegava na clínica. Muitas sem agendamento prévio. Geralmente, as pessoas chegavam com um grau elevado de angústia e sofrimento.
Nestes momentos difíceis, o diálogo afetuoso, a compreensão empática da urgência da pessoa, a disponibilidade em legitimar a pessoa como pessoa, transformava o atendimento psicológico numa conversa boa.
Uma experiência em que a maioria nunca havia experimentado. Porque não é comum diálogos significativos acontecerem no dia a dia. E eles aconteciam em apenas um encontro com a equipe de psicologia do SAP (chamados de plantonistas).
As pessoas retornavam para suas casas de diversas maneiras, ou mais aliviadas, ou mais organizadas, ou se sentindo compreendidas, ou com uma melhor percepção de si ou do seu problema.
Parece que uma conversa boa nos possibilita crescer enquanto pessoa. Descobrir novos caminhos.
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