No post anterior “Comunicação Centrada na Pessoa – parte 1”, enfatizei a consideração de Carl Rogers sobre a relação estreita entre comunicação e psicoterapia. Neste texto, gostaria de elucidar os atributos de uma comunicação centrada na pessoa.
Inicialmente, Rogers* destaca duas barreiras que impendem a comunicação interpessoal.
Uma, é a tendência natural para julgar, avaliar, aprovar ou desaprovar as afirmações de outra pessoa ou de outro grupo. Neste sentido, a reação primária da pessoa é a de apreciar o que foi dito a partir do seu ponto de vista, o seu quadro de referências (do seu jeito de ser).
A outra, são as situações que envolvem fortes sentimentos e emoções – quanto mais intensos forem – minam com maior facilidade elementos comuns na comunicação. Então, nestas situações, haverão uma dualidade de ideais, de sentimentos, de juízos, cada um de seu lado no espaço psicológico.
Rogers afirma que a tendência para reagir a qualquer afirmação carregada de emotividade fazendo uma apreciação a partir do nosso próprio ponto de vista é a maior barreira à comunicação interpessoal.
E como transpor esta barreira?
Aprendemos por meio da relação psicoterapêutica que atitudes são mais importantes do que técnicas para o estabelecimento de uma boa comunicação, a que conecta as pessoas.
Mas, de quais atitudes me refiro?
Basicamente de uma atitude de compreensão empática. Esta atitude nos permite aproximar da experiência da pessoa, e apreender o seu quadro de referência interna em relação àquilo que ela está falando. É uma compreensão com a pessoa, não sobre a pessoa.
E, se junto desta atitude compreensiva, uma atitude de autenticidade e uma atitude respeitosa estiverem presentes em graus suficientes na relação, então, um ambiente psicológico favorável à boa comunicação está sendo construído.
No entanto, este não é um processo fácil. Para estabelecer um processo de comunicação centrada na pessoa é necessário superar obstáculos: é preciso coragem.
Para finalizar, creio que uma comunicação centrada na pessoa ajuda a estabelecer uma compreensão recíproca, uma comunicação mútua e torna muito mais possível um determinado tipo de acordo. Este tipo de abordagem provoca uma maior aceitação de uns pelos outros e contribui para atitudes que são mais positivas e suscetíveis de conduzirem a soluções.
Definindo deste modo, cria-se uma interessante oportunidade para abordarmos o problema de maneira inteligente ou, se for em parte insolúvel, será aceito com mais tranquilidade.
* Rogers, Carl (2009). Tornar-se pessoa. 6ª. ed. São Paulo: Martins fontes.
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