Por: Juliana Crespo Lopes | Psicóloga, Pedagoga, Dra. Em Desenvolvimento Humano e Educação.
Ser uma ludoterapeuta de crianças autistas significa ser psicóloga de crianças. Essa frase resume o que vou tentar provocar você neste curto texto.
A ACP é centrada em pessoas e não em diagnósticos portanto, não é diferente quando se trata de uma pessoa autista. Ela é pessoa, ainda de mais nada. Sendo assim, não existem fórmulas prontas ou protocolos a serem seguidos. Ainda assim, a criança em questão é autista e esse fato precisa ser tratado com respeitado e cuidado. Usei dois verbos bem intencionais, que explicarei melhor a seguir:
Respeitar a pessoa autista e o autismo significa não buscar curas, uma vez que não é uma doença. Significa que um ludoterapeuta acepista não deve buscar tornar essa criança mais adaptável ao mundo. Deve contribuir para seu pleno desenvolvimento, favorecendo a autonomia e as diferentes habilidades, mas respeitando suas singularidades e especificidades.
Quando falo em adaptável, quero dizer sobre a ideia da pessoa ser “funcional” ou “parecer pouco autista”. Essas duas práticas são de violência contra os sujeitos, ao invés de respeitar seu jeito de ser e buscar proporcionar uma vida com qualidade.
Sobre o cuidado, ao contrário de menosprezar capacidades e ter atitudes capacitistas, é importante que um ludoterapeuta acepista tenha um olhar de cuidado a respeito de algumas questões que podem ser desconfortáveis para crianças autistas.
Algumas vezes pode ser um estímulo sensorial difícil de se lidar, outras vezes pode ser forçar uma situação que não cabe. Esse cuidado se relaciona a enxergar a criança autista em todos os seus aspectos; seus interesses e suas demandas; suas dificuldades e suas facilidades.
Trabalhar com crianças autistas nos abre uma nova possibilidade de enxergar e lidar com o mundo. De respeitar todas as pessoas, de entender de maneira concreta o que é a prática clínica e escolar da ACP: a partir dos interesses e das demandas de cada pessoa, caminhar junto para ajudar a promover seu melhor desenvolvimento.
Todas as pessoas têm a possibilidade de crescer e isso não é diferente para as crianças autistas. Não existem barreiras, e sim aspectos que precisamos olhar com atenção e trabalhar de forma individualizada, com respeito e acolhimento.
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