Desde que comecei a atuar como psicólogo clínico percebi a importância da comunicação na relação terapêutica ou em qualquer outro tipo de relação de ajuda. Ao entrar em contato com os trabalhos do psicólogo norte americano Carl Rogers fui me interessando por este tema tão caro a nós psicólogos e psicoterapeutas.
Praticamente, em todas as fases dos trabalhos de Carl Rogers – em sintonia com o desenvolvimento da Abordagem Centrada na Pessoa – seja no campo da psicoterapia, da educação ou dos trabalhos com grupos, a comunicação sempre esteve relacionada em maior ou menor grau. Talvez, Rogers seja um dos principais psicólogos que contribuíram sobre a relação existente entre comunicação e psicoterapia.
E esta relação é bastante estreita. Segundo Rogers*, todo o trabalho da psicoterapia se refere a uma falha na comunicação. A pessoa emocionalmente desorganizada, tem dificuldades, em primeiro lugar, porque rompeu a comunicação consigo própria e, em segundo lugar, porque, como resultado desta ruptura, a comunicação com os outros se viu prejudicada.
Enquanto isso acontecer, continua Rogers, dão-se distorções na forma de comunicação entre a pessoa e os outros, sofrendo ela assim tanto no interior de si mesma como nas relações interpessoais.
A função da psicoterapia é ajudar a pessoa a realizar, por meio de uma relação especial com a terapeuta, uma comunicação perfeita consigo mesma. Uma vez isso efetuado, ela é capaz de se comunicar de um jeito mais livre e eficaz com os outros.
Podemos, portanto, dizer que a psicoterapia é uma boa comunicação no interior da pessoa e entre pessoas. Podemos também inverter a afirmação e ela continua verdadeira. Uma boa comunicação, uma comunicação livre, dentro ou entre pessoas, é sempre terapêutica.
Neste sentido, se for possível caracterizar o estilo de comunicação desenvolvido por Carl Rogers, não me arriscaria em afirmar sobre uma comunicação centrada na pessoa. Mas, sobre isso, falarei em uma próxima publicação.
* Rogers, Carl (2009). Tornar-se pessoa. 6ª. ed. São Paulo: Martins fontes.
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